A pandemia da Covid-19 chegou para acelerar um movimento que já vinha acontecendo no mercado educacional: a hibridização do ensino. No ensino superior isto já é uma realidade. Muitas instituições de ensino já flexibilizaram seus currículos, oferecendo de 20% até 40% de seus conteúdos a distância. Mas, no mundo da educação básica, as escolas estão se vendo diante de um enorme desafio: como implantar a cultura digital e suas novas tecnologias para ressignificar o papel do professor neste momento tão difícil?
De uma maneira bastante amarga, os professores estão percebendo que ensinar a distância vai muito além de entrar em uma sala de videoconferência com seus alunos e começar a reproduzir o mesmo modelo didático utilizado na sala de aula. É necessário entender que o ambiente doméstico exige muito mais do que isto. Para concorrer com a geladeira, com o celular, com o cachorro latindo, entre outros fatores concorrentes, é preciso mesclar momentos síncronos com os assíncronos. Os professores precisam se apropriar das ferramentas tecnológicas e da metodologia de aprendizagem a distância para enfrentar este momento.
Para praticar o tele-ensino, o novo professor deve abandonar o papel de instrutor, ou transmissor de conteúdos, para exercer a função de facilitador da aprendizagem. Neste novo papel, o educador deve entender que o conteúdo está no mundo. Atualmente, é possível se obter belíssimas fontes de conhecimento de forma gratuita, em vídeo, texto ou podcast. Mas, entre tantas alternativas de fontes, quem irá escolher a melhor delas para cada unidade de aprendizagem? Quem irá auxiliar o estudante no caminhar sobre sua trilha de aprendizagem? Para responder a esse questionamento, precisamos retomar o novo papel do professor e adicionar uma nova competência: a curadoria de conteúdo. Nesse cenário, o aluno receberá recomendações de estudos em seu próprio caderno, previamente curado pelo seu professor, que se utilizará desses conteúdos para aplicar seus métodos avaliativos.
Por fim, precisamos adicionar uma última competência ao novo professor que vemos emergir, ainda mais fortalecido, neste novo contexto educacional: a mentoria. Nesta posição, o professor deverá orientar seu aluno a como consumir e onde aplicar os conteúdos consumidos, visando à formação efetiva do que chamamos de competência, ou CHAVe = {Conhecimento + Habilidade + Atitude + Valores éticos}.
Então, professor, você está preparado para esta nova realidade? E você, dirigente ou proprietário de estabelecimento de ensino? Sua organização está preparada para encarar esta nova configuração com novos processos pedagógicos? Estamos falando de novos cargos, novos métodos, novas tecnologias e, o mais importante, uma nova visão de mundo e da educação necessária para formar seus cidadãos, os cidadãos da Nova Terra!
David Stephen
Diretor Executivo da TeleSapiens
