Será que a Educação 5.0 é mais um modismo? Alguma jogada de marketing do mercado educacional? Ou seria mais um paradigma a ser quebrado na evolução da educação mundial?

Afinal, o que é Educação 5.0?

Antes de entender o que é Educação 5.0, você precisa de duas coisas antes: primeiro, fazer uma retrospectiva na história, desde meados do século 18, quando começou a se desenvolver a mecanização do trabalho na indústria com as máquinas a vapor; e, em segundo lugar, compreender que uma geração não anula completamente a outra. 

Em outras palavras, o que a Educação 1.0 instituiu não pode ser completamente invalidada pela 2.0; e assim por diante. Então, vamos iniciar nossa viagem no tempo?

Educação 1.0

A primeira geração da educação foi caracterizada pela aprendizagem doméstica, onde o professor se dirigia às residências de seus alunos para ensinar-lhes um pouco de tudo. Isso mesmo, o professor era generalista e o ensino se processava individualmente (ou em pequenos grupos), algo parecido com o movimento homeschooling defendido por algumas correntes de pensamento na atualidade.

Na Educação 1.0, o ensino era restrito a grupos seletos de famílias, normalmente situadas no topo da pirâmide, como nobres, filósofos e intelectuais. O professor era o único detentor e emanador do conhecimento. 

Outra característica desta geração era a desvinculação do ensino em relação ao mundo e à sociedade, focando o conteúdo para a profissão exercida pelos pais. 

Vale lembrar que estamos falando da metade do século 18 até o final do século 19, onde a indústria ainda engatinhava com as primeiras máquinas a vapor. É o que conhecemos hoje como a primeira revolução industrial.

Educação 2.0

A segunda geração da educação acompanhou a evolução da mecanização dos processos industriais, caracterizada pela utilização das máquinas elétricas e motores a combustão. Toda essa tecnologia exigia muita habilidade por parte dos trabalhadores, o que fez surgir a Educação 2.0, centrada no instrucionismo.

Você sabe o que é instrucionismo? O termo foi cunhado pela primeira vez por Jean Piaget em 1920. Até aquela época, o ensino era baseado na transmissão do conhecimento instrucional, com vistas ao desenvolvimento de habilidades mecânicas e repetitivas, necessárias para a indústria da época.

Educação 3.0

A terceira geração da educação também acompanhou o movimento da indústria, mais especificamente a terceira revolução industrial, que foi marcada pelo incremento da eletrônica a partir da década de 1940.

O grande estopim da Educação 3.0 veio com a utilização dos microcomputadores e da Internet nas escolas. Os chamados “laboratórios de informática” foram introduzidos como aparato quase obrigatório em toda rede de ensino particular e grande parte da rede pública de ensino. Mas foi a democratização do acesso à informação via Internet que caracterizou a revolução educacional deste período, que remonta desde a década de 1990 até o início deste milênio.

Foi a partir da terceira geração da educação que os saberes passaram a ser transmitidos de forma horizontal, onde o professor passou a não ser o único detentor do conhecimento. Com a ajuda da web, o aluno iniciou sua caminhada para ser o protagonista de sua própria aprendizagem, em vista da democratização da informação proporcionada pela grande rede mundial. Mas, para de fato protagonizar sua aprendizagem, faltava-lhe um longo caminho a ser percorrido: o convencimento do professor e da escola com ou todo.

A Educação 3.0 se insere em um contexto conhecido como “Sociedade da Informação”. Muita informação! A extrema facilidade com a qual os estudantes passaram a ter acesso a este mundo cibernético causou alguns efeitos colaterais. Inicia-se, neste período, a grande batalha entre o professor e o computador.

Por outro lado, este mesmo professor que combatia a “pirataria de conhecimento”, começou a ser confrontado com outros “professores” que transmitiam o mesmo conteúdo, muitas vezes, de um jeito melhor, mais prazeroso e eficaz para o aluno. 

Essa batalha se torna cada vez mais desleal, pois seus alunos começam a lhe comparar com centenas de fontes de conhecimento audiovisuais, produzidas com bem mais recursos tecnológicos, atraindo a atenção de seus estudantes. Isto, sem falar da aproximação natural entre esses estudantes e os grandes Youtubers e influencers das redes sociais.

Mas, será que essas fontes eram fidedignas? E quanto ao alinhamento pedagógico entre esses conteúdos “clandestinos” e o plano de ensino traçado pelo professor? 

A grande trégua nessa guerra só viria a se estabelecer com as bases da Educação 4.0, asseverada principalmente pela pandemia da Covid-19. Vamos conhecê-la?

Educação 4.0

Esta nova geração da educação adicionou mais um elemento à tecnologia educacional: as metodologias ativas. Graças a elas, os recursos tecnológicos ganharam uma nova significação, deixando de ser um mero instrumento para o acesso ao conhecimento, para desempenhar um papel impulsionador no processo de aprendizagem centrada no aluno.

E para este impulsionamento dar certo, os elementos da Indústria 4.0 foram fundamentais para tornar toda essa tecnologia mais aplicável. Estamos falando da Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), Impressoras 3D e a Computação em Nuvem, por exemplo.

Em termos práticos, podemos dizer que a Educação 4.0 foi marcada pela conexão entre as pessoas. O aprender deixou de ser, definitivamente, uma caminhada individual para ser um processo coletivo, dando origem às principais metodologias ativas que conhecemos, como o peer instruction (instrução aos pares), sala de aula invertida, PBL, entre outras.

Educação 5.0

Finalmente chegamos a ela: Educação 5.0. O que mais poderia acontecer de novo para avançar, mais uma vez, a fronteira do conhecimento sobre esta área?

Como vimos anteriormente, uma geração da educação não substitui integralmente a outra. Na atualidade vivemos traços de várias dessas gerações simultaneamente. 

Por exemplo, a sala de aula tradicional da Educação 2.0 persiste até hoje na grande maioria das escolas públicas e privadas. Seria difícil avaliar o que de fato mudou daquela época para os dias atuais no jeito de como se ensina e aprende nessas escolas.

Isto prova que de nada adianta se contar com a tecnologia mais moderna do mundo se professores e escolas não se conscientizarem da importância de se rever a metodologia de ensino-aprendizagem, modernizando o processo educacional não apenas no que concerne a ferramentas tecnológicas, mas também no que se refere a outros valores como: propósito; motivação; e principalmente, os aspectos socioemocionais dos estudantes.

Desse modo, a Educação 5.0 vem consolidar os últimos avanços da Educação 4.0 no que diz respeito ao uso das tecnologias e metodologias ativas, adicionando o elemento sócio emocional a este contexto.

Mas, como assim?

Nesta nova fase da educação, todas as tecnologias convergem para propiciar ao aluno a experiência do aprender a aprender, levando em conta a sua própria individualidade. Isso mesmo. Na contramão de tudo o que havia sido construído em termos de socialização da aprendizagem, a tecnologia agora se volta a penetrar na mente de cada aluno, transformando o processo de aprendizagem em uma caminhada individual.

IMPORTANTE: Não estamos dizendo que o aprender em grupo passou a ter menos importância na Educação 5.0, mas sim no sentido do foco das tecnologias educacionais, que agora se voltam para a individualização das trilhas de aprendizagem.

Para conseguir isto, as tecnologias vêm se tornando cada vez mais adaptativas, empregando Inteligência Artificial e IoT (Internet of Things) na investigação sobre as trilhas de aprendizagem de cada aluno. Assim, o objetivo agora é, sem perder nada do que se construiu até o momento, fazer com que cada aluno construa a sua própria jornada de conhecimentos e experiências, não mais em função de um currículo rígido ou conteúdo programático previsível e engessado, mas sim voltado aos seus próprios interesses.

Parece simples? Infelizmente não é.

Na prática, aplicar Educação 5.0 significa quebrar definitivamente velhos paradigmas, como: sala de aula, livros didáticos, sistemas de ensino, matrizes curriculares, entre outras bases sobre as quais o “mercado educacional” vem se desenvolvendo há décadas.

Ferramentas como a Aprendizagem Baseada em Problemas e Projetos (PPBL), Design Thinking e Gamificação da Aprendizagem são fundamentais para se conseguir alcançar os objetivos da Educação 5.0, que basicamente irão girar em torno da construção das soft skills dos estudantes.

Você sabe o que são soft skills? Lamentamos, mas não iremos lhe revelar isso agora. Este é um tema a ser abordado em outro artigo. Mas, se você quiser praticar um dos fundamentos das educações 4.0 e 5.0, a sala de aula invertida, recomendamos que pesquise sobre este tema e comente aqui mesmo, ou no post do próximo artigo.

Socorro! Eu nem ao menos apliquei a Educação 4.0 e vocês já estão falando em Educação 5.0?

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