Você manteria seu filho longe da escola e assumiria a sua educação, você mesma(o)? Essa é a proposta do Homeschooling, uma polêmica e disruptiva proposta que chegou ao Senado Federal em maio deste ano. O projeto autoriza a educação domiciliar, conhecida como homeschooling, no Brasil. O PL 1.388/2022 foi aprovado pela Câmara no dia 19 de maio (como PL 3.179/2012) e já está na Comissão de Educação do Senado.
Mas, afinal, que é este tal de homeschooling? Por que precisamos dele? Isso é bom ou ruim para a educação?
O processo de regulamentação do Homeschooling
A autorização da educação domiciliar no Brasil, aprovado pela Câmara, se destina a alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), permitindo que os pais possam ter a liberdade de decidir se seus filhos irão ou não à escola. Se não forem, eles poderão se responsabilizar pela educação de seus filhos no que se refere às etapas pré-escolar, ensino fundamental e ensino médio. No entanto, o Projeto de Lei preconiza que os pais devem formalizar o ensino domiciliar junto a um estabelecimento de ensino credenciado.
De onde vem a ideia do Homeschooling?
À primeira vista, você pode estar pensando: isso vem da antiguidade, quando não havia escolas e a educação dos filhos ficavam por conta dos pais, ou melhor, da mãe ou de tutores, como acontecia com os herdeiros da nobreza imperial. Se você pensa assim, pode ficar tranquilo, você está corretíssimo em sua avaliação. Mas, será que o homeschooling é um retrocesso?
Também conhecido como Unschooling, Nos Estados Unidos, o homeschooling é encarado como um movimento social, tendo adquirido forte visibilidade nos anos finais da década de 1970 e ao longo dos anos de 1980, tendo sido John Holt um dos defensores pioneiros desse movimento. Os defensores do ensino formal realizado diretamente pelos pais visam valorizar a importância da família na criação e desenvolvimento de seus filhos, transmitindo-lhes valores e orientação religiosa de uma forma mais direta e diferenciada. Para os defensores norte-americanos do homeschooling, a educação não é uma responsabilidade do governo ou das escolas, mas daqueles que estão mais próximos da criança, os pais (FARENGA, 2013, online).
Quais as vantagens do Homeschooling?
Os idealizadores do homeschooling defendiam que, nesta modalidade educacional, é possível preservar melhor a integridade física das crianças, além de poder proporcionar-lhes um ensino mais adaptativo, já que os pais, estando mais perto, podem observar dificuldades e distúrbios de uma forma mais personalizada, sendo capazes de agir mais rapidamente sobre o problema, o que se torna mais difícil em um ambiente escolar convencional, onde a atenção do professor se divide entre 20 ou mais estudantes.
Outro aspecto bastante defendido pelos precursores do homeschooling é a preservação de certos valores, como os religiosos e culturais inerentes às crenças e costumes de sua própria família, o que dá aos pais a “vantagem” de poder blindar seus filhos de ideias contrárias aos pilares fundamentais emanados de sua família.
E quanto às desvantagens do Homeschooling, elas existem?
Mudando para o outro lado desta mesma mesa, aquilo que é visto como vantagem do homeschooling, também pode ser encarado como desvantagem, como o próprio isolamento social das crianças, em que pese o fato de alguns dos defensores desta linha educacional tentam compensar isto com algumas atividades de socialização na própria escola, ou em núcleos de socialização existentes em algumas cidades norte-americanas.
Outra desvantagem desta modalidade, sobretudo na sociedade moderna, onde o dinamismo e a necessidade de produtividade se impõem como um desafio para os pais, é a obrigatoriedade de dedicação por parte dos pais, que precisam estudar e aprender para ensinar os seus filhos, fazendo uso de literaturas didáticas e paradidáticas disponíveis no mercado editorial. Em outras palavras, os pais que desejarem imergir neste formato educacional precisam dispor de tempo e conhecimento para exercerem o papel de facilitador da aprendizagem.
Homeschooling no Brasil, isto pode dar certo?
A pandemia da Covid-19 reacendeu esse tema no Brasil, que há muito estava esquecido no cenário político-educacional. As dificuldades pelas quais as famílias passaram durante esse período, fez com que o ensino remoto fosse experimentado de uma forma assoada e descoordenada, razão pela qual muitos traumas foram originados e expostos no âmbito das famílias brasileiras. Pela primeira vez, os pais se viram em um contexto em que a aprendizagem de seus filhos passou a depender, mais do que nunca, de sua participação direta. Não estamos falando de simples tarefas de casa, mas do ensino propriamente dito.
Daquela experiência, muitas lições foram aprendidas, sobretudo a necessidade de um maior envolvimento dos pais nas atividades curriculares de seus filhos, além, claro, da aquisição de uma cultura digital para que se faça melhor uso dos momentos não presenciais da aprendizagem.
Mas, será que a simples aquisição da cultura digital e uma maior dedicação de tempo por parte dos pais seriam suficientes para suprir a necessidade do homeschooling no Brasil?
Esta não é uma pergunta fácil de ser respondida, pois, afinal, não há pesquisas aprofundadas sobre o tema. Mas, se há uma lei tramitando no Senado Federal, já tendo passado pelo Congresso, crê-se que existe sim uma vontade política de que esta modalidade pode sim ser assumida como necessária para o país.
Em que contextos o Homeschooling é necessário?
Você sabia que existem mais de um milhão de crianças internadas em hospitais em idade escolar, que são obrigadas a faltar aulas, muitas vezes com quadros graves de leucemia e outros tipos de câncer? As faltas dessas crianças em suas escolas contribuem para a evasão escolar. O homeschooling poderia ser uma importante ferramenta para manter o ritmo de aprendizagem dessas crianças, evitando a perda do período letivo em curso.
Outro cenário onde o homeschooling se aplica muito bem é nas comunidades indígenas ou em populações que habitam localidades remotas, onde o percurso diário de casa para a escola é um verdadeiro desafio logístico. Algumas crianças precisam viajar quilômetros todos os dias para frequentarem uma sala de aula, muitas vezes em situações precárias sob vários aspectos, como o alimentar e o de segurança de sua própria integridade.
A importância da tecnologia para o Homeschooling
Seja lá qual for a motivação, as famílias que adotarem o homeschooling necessitarão de apoio, muito apoio, sobretudo no que concerne a artefatos didáticos-pedagógicos, como conteúdo instrucional, atividades para aprendizagem ativa e plataformas educacionais capazes de dar suporte a esta nova realidade. A TeleSapiens vem desenvolvendo conteúdos didáticos para suprir essas e outras necessidades, com lançamento previsto para maio de 2023. Até lá, muitas ferramentas computacionais e aplicativos estão sendo produzidos, assim como toda uma plataforma adequada para dar suporte, desde ao homeschooling, até para as escolas que precisam implantar um sistema de aprendizagem que dialogue com o que há de mais moderno e eficaz, como o ensino e avaliação por competências e habilidades, aprendizagem orientada a projetos e problemas, entre outros métodos ativos.
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